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sexta-feira, 13 de julho de 2012

UR-CANTO A PALO SECO

Sem o ar na caixa torácica do homem,
a água corrente cessa
e o dente-de-leão seca.
Sem a água nas veias do homem,
a floração do arco-íris branco míngua
e o pote quebra.
Sem a música nos nervos do homem,
nada de aragem na esquina
e o bonsai murcha.
Sem o cérebro acima do pescoço do homem,
só há o horror da página branca.
Sem o amor, o fogo do homem torna-se imundo
e os lagartos mordem a própria língua.
Sem os acordes a palo seco de uma viola flamenca,
unicórnio, espírito santo e o Ur-canto inexistem.

Sem estrelas nem vendaval a noite é apenas escura.

O vendaval,
mesmo sem os acordes a palo seco de uma viola flamenca,
o vendaval,
numa rasante que encurva as árvores,
o vendaval é o único que existe.

Fernando José Karl

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